O ano de 2023 foi dos mais difíceis que vivi a vários níveis, com muitos desafios, mas também o ano em que mais cresci e aprendi. Demorei para perceber que posso e devo seguir mais o coração, a intuição e menos o racional e as imposições da sociedade e aquilo que muita gente continua a achar que é o dito normal na trajetória de vida de alguém. Na área profissional, como exemplo, não podemos ser todos advogados, médicos, professores, nem sequer de fazer uma só coisa na vida para sempre. Que redutor e castrador que é, sermos cingidos a um só trabalho ou propósito no nosso caminho. Acredito e respeito que haja quem goste e seja feliz nessa forma de viver (ou se sente pelo menos mais seguro nela) e que possa até fazer todo o sentido nessa profissão ou pelo menos para essa pessoa. Contudo sei que muitas pessoas por medo do preconceito, dos julgamentos, de deixar um emprego fixo e com medo do desconhecido, nunca arriscam. Não se arriscam então a serem felizes, a serem livres, mesmo que a primeira ou segunda escolha logo no imediato não corra bem, porque nem tudo na vida corre bem na primeira tentativa. Devemos tentar, tentar, tentar até conseguir, tal como digo ao meu filho. Eu prefiro saber que tentei mesmo que não corra exatamente como eu queria, do que viver frustrada no que não fiz/vivi e pensar nos “ses”. Tentando sempre aplicar a várias áreas da vida até.
Já arrisquei algumas vezes na vida, no sentido em que tive vários tipos de trabalhos, nas mais diversas funções, diferentes cidades, até de país mudei. Vivi 5 anos na Bélgica com o meu marido, foi lá que fui mamã. Depois de muitas experiências por lá, profissionais e pessoais regressamos, outra mudança. De regresso a Portugal também já fui “muitas” nestes 5 anos que já passaram. Embora a minha principal função nos últimos 6 anos e meio, tem sido ser mãe e um dia escreverei mais sobre isso e explicarei porquê.
Neste momento quis arriscar outra vez, senti que é momento de mudança em mim e apesar de ser assustador, de ter de existir uma morte interna para dar espaço ao novo e esse processo ser muitas vezes difícil, reconheci e intuí que tinha de ser! Deixei fluir andei meses a perceber o que estava a acontecer, onde já não sou feliz e o que quero alterar para me sentir bem e aqui estou, a iniciar este blog.
Nunca na vida imaginei ser capaz de ter um blog ou algo similar. Mas a vida é assim, leva-nos onde menos esperarmos se soubermos ouvir o nosso coração, escutar-nos. Tentei resistir à ideia porque acho (e penso que é geral ao comum dos mortais), que não sou capaz ou não tenho o que é preciso. Quem sou eu para escrever seja o que for?! Que capacidades de escrita tenho? Que capacidade de falar sobre determinados temas terei? Mas depois percebi que não me posso diminuir ou limitar desta forma. Nem por medo de julgamentos, do que irão dizer, medo das críticas menos boas. Não posso deixar o medo toldar-me ou moldar-me, nem muito menos o que os outros pensam, daquilo que sinto fazer.
Ainda por cima é com amor, entrega e dedicação. Tenho de seguir o que sinto que quero e que me faz bem. E tenho a esperança que também faça bem a alguém, ajudar de alguma forma com este meu servir, é o que pretendo. Ajudar-me e ajudar os outros. E que mal é que isso pode ter?
Não sou escritora, nem pretendo. Mas quero partilhar enquanto fizer sentido. É assim que vejo e vivo a minha vida. Fazer o que me faz sentido, enquanto o sentir dessa forma. Se algum dia deixar de fazer, também está tudo bem. Só o tempo dirá o que vai acontecer. Por agora estarei aqui. Em entrega total, feliz!